Por Fernando Calmon
Em momentos de grande dificuldade no mercado é natural que se procurem novas formas de estimular as vendas, principalmente as financiadas. Além do Crédito Direto ao Consumidor e dos consórcios, o leasing é outro instrumento, mas sua participação é quase simbólica no Brasil. Estima-se que ocupe menos de 5% do total de financiamentos de veículos leves.
No exterior, em especial nos EUA, o leasing na modalidade operacional – que funciona de modo semelhante a um aluguel de longo prazo – tem participação bem maior. Ultimamente vem ocorrendo forte migração dos financiamentos comuns para o leasing por parte de compradores mais jovens. Essa nova geração, nascida na era do “débito direto” na conta bancária, no cartão, em computadores, tabletes e até telefones, prefere e já se acostumou ao pagamento mensal por uso do bem, sem ter sua efetiva propriedade.
Entretanto, quando os veículos de direção autônoma começarem a chegar no final desta década é muito provável que acelerem a tendência de maior participação do leasing nas vendas totais. Em mercados maduros os motoristas poderão dar preferência a pagar um aluguel ou optar pela utilização compartilhada de um veículo específico e até de uma frota pública, como já ocorre em algumas cidades europeias. O pagamento seria pelo tempo de uso ou quilometragem percorrida.
Alguns especialistas acreditam que os próprios fabricantes de veículos prefeririam reter a propriedade do veículo por toda sua vida útil e alugá-los individualmente para pessoas ou grupo de pessoas em áreas urbanas. Automóveis autônomos representam tecnologias relativamente novas e em diferentes estágios de evolução que os deixariam obsoletos em curto e médio prazo.
O grande ponto de interrogação é se esses veículos se tornarão disponíveis para o mercado de usados em seu sentido amplo, dos particulares aos lojistas. A fábrica talvez simplesmente opte por ir até o processo final de desmontagem, reciclagem ou sucateamento. O longo processo de desenvolvimento é um complicador para se estabelecer um cenário previsível desde agora.
Ainda existem incertezas sobre se os motoristas vão se entusiasmar mesmo por carros em que o verdadeiro “piloto automático” os conduziria ao destino final. Há sinais de uma parcela de clientes bem interessados nos países centrais. Recentemente, o diretor do Google responsável pelo programa de veículos autônomos afirmou que seu filho de 11 anos não terá necessidade de treinar e obter uma carteira de motorista obrigatoriamente, quando atingir a idade permitida para tal (em alguns países, 16 anos).
Otimismo exagerado à parte, já se sabe que de cara o alto preço será um sério limitador à escalada dos carros que se autodirigem. Eles não aumentarão sua presença da noite para o dia em ruas e estradas. O processo consumiria bastante tempo – sem contar implicações legais e mudanças na legislação de trânsito – e sempre existirão motoristas que vão querer manter seu automóvel sob seu próprio controle.
Afinal, mal entramos nesse mundo turbulento de novidades e valorização da segurança preditiva. Mas que o leasing tem grande potencial de facilitar o processo há poucas dúvidas.
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